sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Dennis Wilson - Pacific Ocean Blue


Dennis Wilson nunca foi exatamente meu "Beach Boy" favorito, muito por que não sou exatamente fã da imagem de "porra louca" que resultou em um final indigno a um bom compositor, que infelizmente sempre a esteva a sombra de seus irmãos. Foi primeiro Beach Boy a se aventurar em carreira solo, diferente seus camaradas conseguiu ter um som bem próprio sem precisar apelar para o surf music de sua banda.

Pacific Ocean Blue é um disco dolorido onde Dennis se encontrava em divorcio (pela segunda vez com a mesma mulher), o fato de estar em frangalhos por causa do desgaste da sua relação (muito por sua culpa) com sua banda e sem contar sua insegurança na empreitada solo, onde deveria se firmar como compositor. Mas dessa tormenta saiu um álbum maravilhoso, que infelizmente perdeu espaço na discografia de sua banda, além de ser sepultado  (de certa forma) por ele mesmo. Mas vamos ás músicas...

River Song: O dedilhado delicado do piano, vocais em coro e uma letra simples de adoração ao "Rio", quase beirando a ingenuidade, comparando o infinito da natureza e o quanto ele deseja abandonar a cidade para uma vida simples. Os vocais rouco de Dennis e os backing vocais  são perfeitos em dar aquele tom ensolarado;
What's Wrong: É mais próxima do som "Beach Boy", onde Dennis assumi que se influenciou pelo estilo de tocar de Brian. Tem bons vocais, mas soa quase cômica, destoando um pouco do clima das outras faixas;
Moonshine: Essa tem um tom de solidão, principalmente nos versos chorosos e na emoção da voz, de novo temos uma estrutura estranha, o que destaca um arranjo bem incomum. O "refrão" é bem pesado: "Foi você que disse que não haveria amanhã/ Disse que agora me ama de outra forma/ de outra forma";
Friday Night: Começa num crescendo empoeirado, desbancado num riff bluesy do teclado adornado pelos vocais rasgados de Dennis;
Dreamer: Tem uma vibe ala ás canções solo do John Lennon nos anos 70 com aquela pegada pseudo funk. O efeitos na voz dão um tom etéreo a faixa, sem contar os belos arranjos de metais;
Thoughs of You: A melancolia do piano, aliada a simplicidade da melodia onde o autor derrama a falta da sua amada, culminante num rompante do arranjo de cordas. Mostrando bem a dualidade do amor/ódio;
Time: Outra canção dolorida ancorando na voz gasta de Dennis, piano e arranjo de cordas com direito a um solo de metais;
You and I: A suavidade da faixa, embalada pelos acordes de piano e simplicidade de um solo de violão, tem um clima meio de fim de tarde numa praia;
Pacific Ocean Blue: Guitarras slide e blues se encontram com órgão funk, os vocais desgastados de Dennis são adornado por coros e uma bateria que acrescenta sempre uma camada  de viradas a cada volta;
Farewell My Friend: Tem um tom de canção de ninar, mesmo com um tema pesado como o falecimento. mas tentando ter um ponto de vista mais positivo como uma passagem, foi tocado no funeral do próprio Dennis em 84;
Rainbows: Umas das poucas canções guiadas por um violão e (creio eu) um mandolin, o vocal é mais melódico e menos rasgado e tem um clima bem positivo;
End of the Show: Com o clima de despedida e com a voz gasta finalizamos o álbum, de novo em um teclado simples que cai em adornos de coro, guitarras e cordas. Finalizando com o publico esvanecendo.

Dennis é um compositor diferente de seus irmãos, muito simples nas escolhas de timbre e tocabilidade, carregando muita das canções na voz que com o abuso de álcool e tabaco (outras cositas mais) acaba dando esse tom cansado, ou um rugido rouco que casa bem com ás músicas. Os arranjos também são impares, muito não se limitam ao B á bá do rock/pop, muitas vezes quebrando estruturas e expectativas do ouvinte. Infelizmente por causa do estilo de vida a carreira solo nunca passou desse disco (mesmo que tenha trabalhado por um tempo num possível sucessor chamado Bamboo, mas nunca finalizado), a tour programada foi cancelada por que a gravadora não levava fê no projeto. E para finalizar os anos de abuso acabaram destruindo a voz de Dennis, que como todo "bom" Rockstar não entendeu e acabou se destruindo a si mesmo 5 anos depois.
O disco ficou relegado a sua edição original só sendo lançado novamente 1991 em cds limitados, extremamente raros de achar hoje em dia. Foi relançado em 2008 em digipack duplo, onde incluía o não-finalizado Bamboo com a direita a faixa bonus de "Holy Man" cantada por Taylor Hankins do Foo Fighters. A parte disso é um bom disco para quem curte álbum pessoais onde o artista se desmancha pelo os autofalantes.