domingo, 29 de setembro de 2019

Prince - Parade


Por acaso estava de bobeira numa das escassas lojas de discos que ainda existem em Porto Alegre, meio que dei de conta com o clássico Purple Rain, primeira coisa que me deixou meio uau: apenas 9 faixas!?!?
Peraí, vou ver o tempo delas... Em média de 5 a 6 min cada. "Purple Rain" tinha quase 10 minutos! Interessante, mas é Prince... E só curto mesmo "Kiss" e olhe lá. Bem, deixei de lado e fui no Pet Sounds do Beach Boys. Uma opção menos arriscada para investir...
Mas na volta pra casa, a capa do disco ainda me assombrava e a "aventura" de ouvir algo diferente, me fez arranjar uma desculpa pra voltar pro centro de POA e pegar o disco. Eu não diria que era fã do Prince, mas nunca neguei o talento dele como compositor. Só não diria que ele é um "gênio", até por que isso implica que tudo que ele toca é "genial". E nem sempre ele acertava (principalmente quando inventava de flertar com Hip-hop). Mas no quesito de música pop oitentista e funk (o bom), ele realmente era fera. E o que mais me surpreendeu foi o quanto ele subvertia a formula: Estruturas estranhas, solo de guitarras, canções longas (num período onde todo mundo lançava canções curtinhas) e muitas vezes quase sem refrão!

A principio é uma música que ti desafia um pouco (ou pelo menos pra mim). Não sai curtindo na primeira audição, a principio achei estranho, ainda mais os vocais escandalosos. mas com o tempo vi que era esse o estilo. E depois que tu entende os maneirismo dele até começa a curti, chega ser brega em alguns momentos, mas é muito bom (guilty pleasure mesmo). O Purple Rain é um ótimo, baita disco. Mas pra mim não é o melhor dele, depois eu diria que a trilha do Batman (por incrível que pareça) é muito boa, mesmo que não seja perfeita.

Mas o Melhor dele é o Parade, o álbum tem um som mais diversificado e mais rico. Indo de canções pop ala Beatles de "Christopher Tracy's Parade" com vocais tipo "Magical Mystery Tour" com um clima Nova York (pelo menos para mim parece); Logo em seguida vem "New Position" com um som eletrônico enlatado, vocais sensuais, letras sugestiva e uma linha de baixo muito boa; Em "I Wonder U", cantada pela Wendy (a guitarrista mais gata anos 80) e a tecladista (realmente não sei o nome dela). Tem uma sonoridade mais de colagem de sons sob uma bateria eletrônica, não é uau, mas tem seu charme; "Under The Cherry Moon" tem um quê gótico ala ás trilhas sonoras de terror da universal dos anos 30, os vocais caídos e o clima de valsa é perfeito; "Girls & Boys" é misto das bandinhas dos anos 30 (ainda mais com a sessão de metais) e sonoridade mais eletro-pop, os backing vocais do refrão são muito bons; Agora "Life can be so Nice" tem um efeito (ou teclado, não tenho bem certeza) que beira o irritante e ao mesmo tempo gruda no cérebro. Musicalmente é boa, mas esse "ruido" me incomoda e ela termina numa cacofonia que não é exatamente agradável; "Venus de Milo" é instrumental competente, mas não exatamente inspirado; "Mountains" tem uma bateria e instrumental que me um pouco Erasure, vocais em falsete e um refrão pegajoso. Outro destaque para sessão de sopro; Tipicamente encarnada naquelas canções francesas temos "Do U Lie?". Boa, mas nada que se destaque muito; O que falar "Kiss"? Uma das melhores canções pop desse século, só isso; Em "AnotherloverHolenyohead" temos um dos melhores refrões que ele já escreveu, sem contar os teclados limpos que faz um contrate com tanta "maquiagem" que foi usado nas faixas anteriores; Finalizamos "Sometimes Snows in April" num clima mais soturno e singelo. Apenas vocais, violão, piano e algumas inserções sopro aqui e acola.

Ironicamente nesse disco (que vale citar é trilha sonora do filme Under the Cherry Moon do próprio cantor)
ele subverte a própria formula. Apenas duas canções passam dos 5 minutos. No geral é um disco coeso e quase esquecido (com exceção da faixa "Kiss" que rivaliza com "Purple Rain" em reconhecimento), além de ser considerado um dos piores dele. Eu fortemente recomendo a audição!