sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Dennis Wilson - Pacific Ocean Blue


Dennis Wilson nunca foi exatamente meu "Beach Boy" favorito, muito por que não sou exatamente fã da imagem de "porra louca" que resultou em um final indigno a um bom compositor, que infelizmente sempre a esteva a sombra de seus irmãos. Foi primeiro Beach Boy a se aventurar em carreira solo, diferente seus camaradas conseguiu ter um som bem próprio sem precisar apelar para o surf music de sua banda.

Pacific Ocean Blue é um disco dolorido onde Dennis se encontrava em divorcio (pela segunda vez com a mesma mulher), o fato de estar em frangalhos por causa do desgaste da sua relação (muito por sua culpa) com sua banda e sem contar sua insegurança na empreitada solo, onde deveria se firmar como compositor. Mas dessa tormenta saiu um álbum maravilhoso, que infelizmente perdeu espaço na discografia de sua banda, além de ser sepultado  (de certa forma) por ele mesmo. Mas vamos ás músicas...

River Song: O dedilhado delicado do piano, vocais em coro e uma letra simples de adoração ao "Rio", quase beirando a ingenuidade, comparando o infinito da natureza e o quanto ele deseja abandonar a cidade para uma vida simples. Os vocais rouco de Dennis e os backing vocais  são perfeitos em dar aquele tom ensolarado;
What's Wrong: É mais próxima do som "Beach Boy", onde Dennis assumi que se influenciou pelo estilo de tocar de Brian. Tem bons vocais, mas soa quase cômica, destoando um pouco do clima das outras faixas;
Moonshine: Essa tem um tom de solidão, principalmente nos versos chorosos e na emoção da voz, de novo temos uma estrutura estranha, o que destaca um arranjo bem incomum. O "refrão" é bem pesado: "Foi você que disse que não haveria amanhã/ Disse que agora me ama de outra forma/ de outra forma";
Friday Night: Começa num crescendo empoeirado, desbancado num riff bluesy do teclado adornado pelos vocais rasgados de Dennis;
Dreamer: Tem uma vibe ala ás canções solo do John Lennon nos anos 70 com aquela pegada pseudo funk. O efeitos na voz dão um tom etéreo a faixa, sem contar os belos arranjos de metais;
Thoughs of You: A melancolia do piano, aliada a simplicidade da melodia onde o autor derrama a falta da sua amada, culminante num rompante do arranjo de cordas. Mostrando bem a dualidade do amor/ódio;
Time: Outra canção dolorida ancorando na voz gasta de Dennis, piano e arranjo de cordas com direito a um solo de metais;
You and I: A suavidade da faixa, embalada pelos acordes de piano e simplicidade de um solo de violão, tem um clima meio de fim de tarde numa praia;
Pacific Ocean Blue: Guitarras slide e blues se encontram com órgão funk, os vocais desgastados de Dennis são adornado por coros e uma bateria que acrescenta sempre uma camada  de viradas a cada volta;
Farewell My Friend: Tem um tom de canção de ninar, mesmo com um tema pesado como o falecimento. mas tentando ter um ponto de vista mais positivo como uma passagem, foi tocado no funeral do próprio Dennis em 84;
Rainbows: Umas das poucas canções guiadas por um violão e (creio eu) um mandolin, o vocal é mais melódico e menos rasgado e tem um clima bem positivo;
End of the Show: Com o clima de despedida e com a voz gasta finalizamos o álbum, de novo em um teclado simples que cai em adornos de coro, guitarras e cordas. Finalizando com o publico esvanecendo.

Dennis é um compositor diferente de seus irmãos, muito simples nas escolhas de timbre e tocabilidade, carregando muita das canções na voz que com o abuso de álcool e tabaco (outras cositas mais) acaba dando esse tom cansado, ou um rugido rouco que casa bem com ás músicas. Os arranjos também são impares, muito não se limitam ao B á bá do rock/pop, muitas vezes quebrando estruturas e expectativas do ouvinte. Infelizmente por causa do estilo de vida a carreira solo nunca passou desse disco (mesmo que tenha trabalhado por um tempo num possível sucessor chamado Bamboo, mas nunca finalizado), a tour programada foi cancelada por que a gravadora não levava fê no projeto. E para finalizar os anos de abuso acabaram destruindo a voz de Dennis, que como todo "bom" Rockstar não entendeu e acabou se destruindo a si mesmo 5 anos depois.
O disco ficou relegado a sua edição original só sendo lançado novamente 1991 em cds limitados, extremamente raros de achar hoje em dia. Foi relançado em 2008 em digipack duplo, onde incluía o não-finalizado Bamboo com a direita a faixa bonus de "Holy Man" cantada por Taylor Hankins do Foo Fighters. A parte disso é um bom disco para quem curte álbum pessoais onde o artista se desmancha pelo os autofalantes.

sábado, 9 de julho de 2022

Jeff Turner: Cowboys, Truckers & Lovers

 


Pescando "raridades" online, me deparo com essa capa: Um cowboy encarando vazio e o titulo Jeff Turner: Cowboys, Truckers & Lovers? Caramba, mais datado impossível, tenho que ouvir essa desgraça! Por incrível que pareça tem o disco inteiro no Youtube (Um canal de vinis antigos disponibiliza). Já via Streaming a carreira do Jeff Turner só começa a partir de 1990... 
Um detalhe é que esse cara não tem quase nenhuma informação na web, nem no Wikipédia tem nada concreto, com exceção da versão alemã, onde tem alguma coisa tirada do site dele: Ele era um quiroprático que foi para os EUA trabalhar, enquanto esperava sua licença resolveu faturar uma grana tocando Country. E para minha surpresa, ele não é americano, sim australiano/suíço! Por algum motivo, assim ele permaneceu e conseguiu manter a sua carreira. Creio eu, já que, como disse o cara é um mistério, mesmo que tenho alguns vídeos dele ao vivo na rede e até a sua morte em 2020, ele ainda se apresentava... 
Milagrosamente é possível achar esse álbum em cd, com sorte (que eu não tive) num preço bem bacana!
Mas como a carreira do artista, nada de informações no encarte: Qual era a banda? O nome da cantora que divide os vocais em algumas canções? Nada, apenas créditos de composição, sendo seis do Jeff Turner (algumas em parceria com um tal de Corner), outras covers e outras tradicionais. A única certeza é que o Jeff Turner Canta e toca violão.

Bem, a parte disso é um bom disco de Coutry regado a muito rock, com bons riffs de guitarras em algumas canções, baladas folk e vocais poderosos que guiam os temas das trivialidades da vida de um "Cowboy do asfalto". Ás letras são muito boas, tem momentos bem engraçados e bregas. Também alguns temas pesados.

- You can have her: Essa é mais próxima de um country raiz, se você ouvir apenas essa canção, pensa que vai ser mais um disco básico do estilo. Não é ruim, ao contrario já mostra que o cantor tem voz poderosa e bom ritmo para contar uma historieta. Mas musicalmente é competente apenas;
- Devil's ravine: Essa já começa com um riff bem pesadinho até, alias a guitarra solo brilha nessa faixa. A letra conta a estória sobre uma estrada conhecida como "ravina do Diabo", tem tanto detalhe que você se sente dirigindo por ela, ainda tem efeitos especiais para ajudar no clima;
- You're gonna love yourself: Típica balada de fim de noite naquelas bares de beira de estrada com direito a lapsteel chorando de fundo e dueto de casal! O narrador jura que nunca vai abandonar a sua amada depois daquela noite, que compreende que ela já foi usada e suas suspeitas, mas ele é diferente. É tão brega que é difícil não curtir;
- Sixteen Tons: Outra música onde a guitarra solo se destaca com bons riffs e solo, além de backing vocais "indígenas" e vocal falando sobre a divida de um minerador com a empresa a qual trabalha;
- Wind blows it's own way: Outra balada em dueto, aqui tratando como ás mulheres não entendem os sentimentos dos cowboys e seu espirito livre como o "vento";
- Me or your guitar: Para é mim é mais engraçada do disco, aqui tratasse de um fã de country que compra uma guitarra, por causa de sua paixão por ela, ele tem que escolher entre a guitarra e sua mulher! É o básico de country, onde o violão e a guitarra conversam sobre uma batida bem alegre;
- Tennesse Roads: De longe a canção mais rockeira do disco, principalmente a guitarra solo com licks bem Rock n' Roll dos anos 50 com pitadas de blues aqui e acolá. Liricamente é a mais fraca do conjunto;
- If you wanna know: É uma canção de fim de relacionamento, não chega a ser uma balada e sim mais folk. A letra com certeza tem ás melhores perolas de Jeff Turner, alguns exemplos: "se você quiser saber... o quanto sinto sua falta? ponha sua cabeça na água, tire-a e veja o lugar onde deveria estar", "se você quiser saber... para onde eu vou? aponte para o mapa, eu estarei o mais longe dali" e "se você quiser saber... por que eu estou a deixando? aponte para a estrelas, conte quantas poder, esses são os motivos que você me deu". Jeff Turner é um poeta; 
- Auctioneer: É o ponto fraco do disco, longe de ser ruim, mas nada demais; Tem uma boa brincadeira com a velocidade e bons arranjos de banjo;
- Highway Queen: Essa puxa um baixo bem na linha de "Highway Star" (não tão trabalhado, mas tem a intensidade) do Deep Purple, a guitarra e violão dançam nessa moldura com boas quebradas da bateria e um bom refrão. A letra trata de uma adolescente que se torna uma assassina em série que pedi carona e mata caminhoneiros, um tipo de vingança contra os "vaqueiros" do asfalto (essa ficou bonita) para tentar amenizar a sua dor de ter sido abandonada por um deles;
- Train Medley: É uma mistura de uma canção do johnny Cash ("Folson Prison") mais duas canções tradicionais. Tem clima de urgência, (se não estiver enganado) uma guitarra wha de fundo e boas linhas de solo;
- Special lady: Fechando de modo soturno, vocais serenos e o lapsteel lacrimejando em momentos certeiros. Aqui o narrador declama o seu amor, melhor implora e diz o quanto deseja ajeitar com a sua amada. Mesmo aos quarenta e um anos, ele sente que a sua vida esta apenas começando;

um dos melhores álbuns de Country Rock que ouvi, infelizmente fadado esquecimento já que pouco sabemos de autor e obra. Mas mesmo assim para quem cruzar com essa "resenha", espero que desperte o interesse.

https://youtube.com/playlist?list=PL5IVSzj8l_FQalGmRsT0xNasLvbvFiKS9

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Alone in the Dark - Inferno (ps3)




 Esse jogo é de uma era onde ás desenvolvedoras tentavam coisas diferentes, em geral falhando miseravelmente. Mas pelo menos não se prendiam no "B á bá" de mundo abertos (vazios), tiros em primeira pessoa, multiplayer online ala Fortinite, ou Soulslike como hoje em dia. 

Alone in the Dark, tenta unir os quebra-cabeças, plataforma e ação num mix de jogabilidade  Hack n' slash em terceira pessoa e tiro em primeira pessoa. Por mais interessante que seja, acaba sendo uma experiência esquizofrênica para o jogador. Tem momentos que você fica: "Uau! que jogabilidade incrível com tantas possibilidades!". "Tantas possibilidades de combate e resolução de puzzles". E Outras: "Maldito controles truncados, maldito enigma que não explica direito meu objetivo e ainda me dá tempo limitado para resolver!".

È trágico, por que notasse o amor dos desenvolvedores. Não é um game da Ubisoft reciclado do ano anterior (com algumas coisinhas novas aqui e ali) e desovado no mercado para bater ponto. Mas isso não tira o fato, que por mais que goste do conceito do jogo, ainda é um game que caminha entre o mediano e bons momentos, ouso dizer que tem um charme ala Deadlly Premonition e com certeza não merece a fama de ser um jogo ruim, bem longe disso!


Os controles de tiro (que alias, são sempre em primeira pessoa) são básicos da época: Botão R1 e mira no analógico (L3); Armas brancas basta pegar qualquer objeto disponível na área com X, ou soltar com REDONDO, entrar no modo combate (L1) e usar o analógico (R3) para desenhar os ataques. É funcional, mas impreciso e em momentos de velocidade para executar determinada tarefa podem atrapalhar o jogador e não exatamente a melhor forma de enfrentar os inimigos; Já no quesito plataforma é padrão: QUADRADO pula, o X segura cordas, Redondo solta cordas e objetos; Todos controles podem ser feito qualquer visão de preferencia do jogador, que pode alternar entre 1 e 3 pessoa no TRIANGULO;
Há, já estava me esquecendo...
Tem controles de carro também, mesmo esquema dos de corrida, só bem mais toscos!

O clima do jogo tenta ao máximo ser épico, principalmente no cenário de abertura; Depois na grande Central Park (Não é mundo aberto e sim um grande Hub entre ás fases) tem um clima soturno e de isolamento bem legal, mas nem de longe de tem susto e incrivelmente não apela para "jump scares";
A estória eu achei "meh", é o clichê do mal que vem destruir todo humanidade e os personagens não são tão profundo assim para o jogador se importar. Os diálogos também tem momentos muito engraçados, não são mal interpretados (principalmente quem dubla o Edward), mas é tosco e muito sessão da tarde (com exceção dos palavrões que o protagonista solta direto). Tem seu apelo meio filme trash; Já os gráficos são bons para a época, mas achei que em alguns momentos a falta de detalhes pode atrapalhar nos enigmas, ou itens que ficam escondidos por que não se destacam no campo de visão do jogador. Outro lance que não curte é que o jogo é muito escuro, joguei com o "Gamma" no talo e mesmo assim tem momentos que é complicado. Os momentos ala Burnout, são passáveis, mas tem partes que o carro faz coisas incríveis e geralmente fazendo a gente perder, sem contar que ainda tem alguns bugs bem vivos em 2022, principalmente na primeira sessão de corrida até o parque...

Ok, o combate vai se limitar aos itens que Edward carrega na jaqueta (arma, balas, isqueiros, bandagens, fita-tape, splays (de cura ou de insetos) e garrafas de álcool/gasolina). Lembrando FOGO é a chave para vencer os inimigos, então só usar balas e armas brancas apenas os atordoa momentaneamente. Com isso podemos fazer  coquetéis molotovs, isqueiro e sprays para queimar os monstros, ou usar a garrafas como tiro ao alvo criando uma explosão no inimigo, ou... ahahahahahaa Cara... Podemos por "gasolina/álcool" nas capsulas da arma e criar: BALAS de FOGO! Sim, sem piada... Nesse momento é o desenvolvedores dando o "Fod4ss3" no realismo do game. A parte disso podemos por em chamar qualquer objeto e usar como arma de "FOGO". O que é legal... mas eu achei mais eficaz os sprays, ou jogar ás garrafas, atirando nelas para criar uma explosão nos inimigos. E obvio, balas de fogo! 
Os inimigos se resumem a Possuídos, Morcegos-come come e uma gosma que é a pior coisa do jogo. Mas como Deadlly Premonition, o combate é a parte mais fraca do jogo, tem bastante variedade mas a execução não é tão intuitiva e os inimigos são bem chatos e nada divertido de ficar enfrentando. Não são difíceis, mas entediantes, ou no caso da gosma injustos... Os Chefes são fáceis e no geral requer a mesma estratégia, o que pode ser um desafio em um que requer uma certa velocidade de movimentação e coleta de itens num trem em movimento e os controles vão ser seus inimigos mais ferozes, mas nada impossível.

Já os Quebra-cabeças no geral são bem legais, muitos deles envolve o jogador usar os objetos do ambiente, fogo e luz da lanterna. Só carece um pouco de informação ao jogador, por que a jogabilidade tem tantos elementos que fica difícil saber qual usar. Em alguns a solução (ao meu ver) é mais estranha, nunca teria pensado naquilo. Ou tipo esta, a pista esta escondida num objeto que o pode destruir/mover na parede, mas o gráfico não destaca e você perde tempo dando volta. Em maior chances nos Puzzles envolvendo o símbolos, onde o lance de poder fechar os olhos, um som nos indica onde ele esta, só um detalhe os símbolos já descobertos ainda tem o som, assim acabamos ficando dando volta sem saber o que fazer.... Uma dica seria uma coisa legal de vez em quando, ou sinalizar comando em determinada áreas.

Bem, além disso o jogo inovou como estrutura de série, onde a trama é divida por 8 episódios e podemos ir voltar o quanto quiser na história, cada capitulo tem suar partes divididas. Então esta preso numa area, pula e continua jogando. Só tem um porém (que pode ser ruim em algumas sessões): Você perde todo seus itens ficando apenas com o básico, o que é ruim. Falando por mim, um "gamer modo easy always", é possível jogar os 7 capítulos de boa, em alguns momentos se fica trancado, mas não frustra a ponto de termos que usar o "fastforward". Agora no 8 capitulo, não tem como... Primeiro entra um GRIND massivo, onde temos que aumentar nosso visão espectral, fazendo a mesma atividade no em diversas áreas no parque, o que não seria tão ruim se não tivéssemos limitados a poucos itens de inventario. Grind e survivor horror não dá, depois de 5 ou 6 quests dessas, eu estava a beira de desistir e para minha decepção (já que queria jogar tudo), pulei essa parte. Já depois temos uma longa sessão de quebra-cabeças que são legais, até chegar no penúltimo antes da sessão final do jogo. Onde temos que atravessar um labirinto sobre um poço no escuro, como um objeto em chamas para iluminar onde podemos andar enquanto o teto desce sobre nós bem rápido e para pararmos o teto precisamos ao mesmo tempo usar o objeto em chamas para bloquear a luz que atravessam a sala! Cara, tentei por uma hora, tive que aceitar minha derrota... Não tenho capacidade lidar com os controles e fazer isso tudo! Isso que nas versões anteriores (360/Pc) é possível correr nessa parte, não na versão de ps3 onde o personagem só anda, ou seja não podemos nem "trapacear"...

Mesmo assim, curte minha experiência com o jogo e não tem como não reconhecer suas ideias e inovações, não exatamente bem executadas. Mas nota 10 pelo esforça e paixão pelo projeto. E é um daqueles Games que vai fica na sua memoria, me lembra bastante o já citado Deadlly Premontion. Mas também o NeverDead e Ninja Gaiden: Yaiba. Ou seja, games que ousam pensar um pouco fora da caixa e com certeza agradam apenas a minoria que enfrente seus controles realmente quer joga-los!


quarta-feira, 20 de abril de 2022

Rocky Horror Show (1973)

 



RHPS para mim, me remete aos filmes de terror da Band (sim, aqueles antes do cine-prive) que todo sábado eu via. Num dia qualquer, não sei por que começa a rodar esse filme estranho e musical! Mesmo não sendo exatamente fã de musicais, não pode fugir a moldura de filme de terror/ficção cientifica dos anos 50 que abraçava a trama simples. Não tinha muito conhecimento das curiosidades que o filme joga pro espectador, mas não importava a performance de Tim Curry em "Sweet Transvetite" (que é uma das melhores entradas em qualquer pelicula que já vi) me prendeu no sofá.
 De qualquer forma, acho que é chover no molhado comentar sobre a trilha praticamente perfeita do filme e o quanto ele é um marco nos cinemas e na revolução de gêneros. Se bem que no meu ponto de vista essa é uma analise meio rala do conceito geral, já que penso que se trata muito mais em empoderar os "estranhos" em aceitarem duas estranhezas e terem orgulho de serem diferente (Don't Deam It- Be It). Mas filosofia a parte, é bem mais interessante ver suas raizes no musical original, notar o quanto os arranjos das músicas eram cru e tinha um quê de cabaré.

- Science fiction/ Double Feature: Diferentemente do filme, ela é cantada pela Patricia Quinn (Magenta) e não pelo Richard O'brien (Riff Raff). Tem uma guitarra acústica muito Pimball Wizard do The Who, adornado por belissimas passagem de piano e os vocais anasalados que em alguns momentos beiram ao de uma cantiga infantil;
- Damn It, Janet: Tem um tom bem mais agitado que a versão do filme, os vocais de Julie Convigton (Janet) e Christopher Malcon (Brad) também são bem mais cantados que declamado. Para mim de todos os casts que ouvi é uma das melhores performances;
- Over At The Frankstein Place: O clima soturno do piano da intro é muito bom, ás guitarras são ótimas, mas agora a voz de Christopher Malcon é horrorosa, sorte que o resto do cast salva a música.;
- Sweet Transvestite: De longe é uma das versões mais pesadas da música, principalmente a bateria, onde o batera senta o pau nela no refrão. Os vocais de Tim Curry (Frank-N-Furter) são ótimos, mesmo que não tenha aquele cinismo das ver cinematográfica e sim um tom mais Rock n' Roll;
- Time Warp: Originalmente a canção vinha depois da apresentação de Frank-N-Furter, no filme mudaram e meio que virou canônico. Bem, é uma versão bem mais simples, como uma pegada menos frenética. Os vocais da Patricia Quinn é de arrepiar, Little Nell (Colombia) esta otima e Richard O'Brien esta mais contido, no refrão notasse uma pegada mais rustica que é muito bom;
- Sword of Damocles: É uma versão bem mais "musical" convencional, lembrando bastante aquelas canções cantadas em grupo dos anos 60, tem um quê de surf rock com bons detalhes de orgão;
- Hot Patootie: De longe é mais fraca do album, não sei por que os vocais de Meat Loaf são iconicos e poderosos, que essa versão perde muito. Outra coisa que Paddy O'hagam (Eddie) grita demais nos refrões e beira ao irritante; 
- Touch-aTouch-Touch-aTouch-Touch-aTouch Me: Sempre achei o ponto fraco do musical, isso indiferente de versões que já ouvi. Essa aqui tem um tom meio latino (por alguma razão) enlaçado pelo orgão, bons vocais de Julie Convigton;
- Once In A While: Não entrou no filme, meio que foi raridade por muito tempo. Nessa versão o Christopher Malcon se destaca num melhores vocais dele. O arranjo simples de violão e piano é maravilhoso;
 - Rose Tint My World: É estranho a intro no piano, já que irmã cinematográfica com a sua guitarra suja é mais iconica. Com esse detalhe muito da canção se prende nos vocais. Little Nell arrasa, Rayner Burton (Rocky) é estranhamente blasé, Christopher Malcon é bom. Mas Julie Convigton canta num estilo gritado muito duvidoso e beirando ao irritante. Tim Curry não precisa se dizer, detona;
- I'm Going Home: Do ponto de vista vocal, caramba Tim Curry mostra uma das suas melhores performances (isso em todas versões gravadas: Aqui, o cast do Roxy em 74 e no filme em 75). Já na parte musical carece os arranjos mais elaborado que viria em versões póstumas, mas nada que estrague a experiência;  
- Superheroes: Com um clima mais soturno,  bons arranjos de guitarra e piano e uma bateria beirando ao tribal. Os vocais de Christopher Malcon me lembram um vocal de uma banda punk, só não lembro o nome;
- Science Fiction/ Double Feature (reprise): É praticamente o mesmo arranjo, só que com letras diferentes;

Assim terminamos, o legal é notar o quanto o musical tinha um tom mais rustico, tipo ouvindo você pode sentir que a apresentação num teatro, ainda mais com a simplicidade dos arranjos. Esse álbum é ao vivo, então muito das performance não quase perfeitas (diferente da versão do filme e o cast de 1990 que gravaram em estúdio os seus respectivos discos) tem seu sentido. Bem, para quem curte o filme, vale a pena conferir como tudo começou.

Detalhe: Ainda não havia ás musicas "Eddie Teddy", "Planet Schmanet Janet" e "Planet Hot Dog" que ainda não haviam sido compostas. E "Superheroes" também não fazia parte do filme até edições em dvd.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Kiss - Music From The Elder

 


Engraçado não me lembro se já fiz uma resenha do esse disco, mas como estou (estava) sem recursos para consultar, paciência...

O kiss sempre foi uma banda que em geral, sempre jogou no garantido, a mesmo formula de rock n' roll básico, quase sempre. Music From The Elder é um algum concebido num período onde suas cabeças criativas (Gene & Paul) não sabiam se agradavam os fãs, críticos, ou a si mesmos. Elder tem a sina de ser o disco que até mesmo seus criadores tem ojeriza, mesmo que com o status "cult" que o álbum ganhou durante ás décadas e ainda hoje em dia o consideram um disco inferior. 

O conceito veio de uma frase que de Gene pensou: "quando a terra era jovem, eles já era muito velhos" (parafraseando grosseiramente). Muito baseado em personagens entidades como o Vigia da Marvel para os "antigos" e calcado nas jornada do herói (aquela mesmice do escolhido). Bem, vamos ser sinceros o enredo é bem clichê e fraco, mas não é tão ruim para um disco conceitual. O problemas que a banda não soube trabalhar bem o estilo da banda e casar os personagens com suas personas dos seus integrantes. Além disso depois da gravadora ouvir ás músicas, eles alteraram a ordem das canções para tornar o material mais atrativo. No tracklist original (e depois nas edições remasterizadas) a banda tenta contar uma estória pelas faixas, mas a sequência é um padrão muito lento e insosso. Nessa situação creio que os "executivos" souberam ouvir melhor o material (musicalmente) e fazer um álbum coeso e com muito mais dinâmica, mesmo sacrificando o "enredo" em prol das canções. Outro detalhe que complica a "trama" é que em geral em Rock-óperas, cada integrante incorpora um personagem, nesse é difícil saber quem é quem: Paul é "Menino" que deve aceitar seu destino? Gene, o ancião que traz a jornada ao escolhido? Ace é o vilão que tenta corromper o herói? Então porque em certas canções eles trocam os papeis? Infelizmente eles não tinham um Pete Towshend para trazer sentido a historia...

De qualquer forma, musicalmente temos um Kiss mostrando que pode fazer um som que foge das amarras da suas própria sombra. Ainda é Kiss, mas temos influências de Bowie, metal, coros, musica medieval, "progressivo" adornados pela simplicidade da banda. 
- The Oath: É a porrada perfeita para começar o disco, temos guitarras com ás "cavalgadas" metaleiras, os vocais de Paul estão grandiosos e com direito a falsete nos refrãos. Falando em refrão, o bumbo duplo épico de Eric Car mostra como era um baterista antenado com a cena Trash que estava emergindo na época;
- Fanfare: Essa seria a introdução do album, bem o problema é que tão sem sal e medieval demais. Pior que que talvez poderia ser uma boa intro se tivesse participação da banda, tipo primeiro movimento apenas instrumentos medievais e depois no segundo tudo culminando com a banda estourando numa instrumental que poderia ter potencial e se você ouvir, notasse que esta lá isso, uma pena;
- Just a Boy: Balada típica do kiss com elementos medievais nas sessões acústicas, os vocais de Paul estão muito bons, principalmente se destacando no refrão;
- Dark Light: Para mim é um dos melhores Riffs de Ace, musicalmente é puro rock com boas ideias de percussão;
- Only You: Essa começa com um riff simples e poderoso que vai crescendo com os vocais, sim não é o Ace e sim Gene na guitarra. No refrão temos vocais sintetizados que dão um tom estranho cibernético a canção, não posso de ressaltar ás linhas de baixo que costuram a música de forma incrível.
- Under The Rose: Bateria marcial, vocais declamados e refrãos em coro, mais épico que isso impossível;
- A World Without Heroes: É pura breguice, o clima de showzinho vagabundo e baladinha obscena dos anos 70 com direito a cordas. Mas é tão bem construida e Gene se rasga tanto nos vocais que não tem como não gostar dela. E sim o solo de guitarra é o Paul que toca e não Ace;
- Mr. Blackwell: O baixo soturno que comanda cada nuance da música, os vocais "vilanescos" de Gene são perfeitos, principalmente no refrão. A guitarra é esparsa e abusa de espaço, mas marca presença;
- Escape From The Island: Instrumental que apenas foi incluída na edição em cd (e nas remasters posteriormente). É bem rock n' roll e frenética e com um tom de fuga, ainda mais com sirene que toca incessantemente;
- Odissey: O Cruzamento entre baladas Kiss-nianas (eu sei, acabei de inventar essa palavra) e Bowie/Ziggy. Tem todo aquele clima alienígena banhado em nostalgia (ou seria sintetizadores?). Estranhamente Paul canta em barítono, algo que raramente (talvez nunca) fez(ia). Além disso, bons arranjos de corda e piano;
- I: É puro Kiss, guitarras altas, vocais cruzados e refrão para os fãs cantarem junto. Quase perfeita, o que estraga é um verso moralista babaca no segundo verso, além de quase arruinar a música não tem nada a ver com o estória do disco;

Longe de ser perfeito, mas também muito longe de ser considerado o pior disco da banda (alias, com meu gosto duvidoso é o meu favorito, sendo seguido por Hotter Than Hell e Destroyer no meu top 3 da banda). The Elder vale a audição de fãs e não fãs do Kiss. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Era para ser mais uma conversa entre amigos...

 


- Se lembra de como antigamente, todos tínhamos tempo para não fazer nada e filosofar sobre a vida? Mesmo que pouco soubéssemos sobre ela...
- Se lembro... Tempos onde ás pequenas trivialidades eram nossos problemas.
- Falando nisso, como foi seu ano?
- Olha tirando o azar, até que foi um ano tolerável...
- Azar?
- Bem, onde posso começar...
- Do começo, depois vá para o meio e termine no final.
- Haram, citar Alice no país das Maravilhas é tão 2009...
- Força do habito.
- De qualquer forma, voltando... Comecei o ano com a promessa da mão que me alimenta que não ia perder o meu pão, o que já não era um bom sinal. Além disso, já de largada em janeiro meu Marsupial siberiano fica doente, o que me custo uma boa mordida no meu já limitado salário de protestante. limitado muito por culpa minha, tenho que assumir... Malditas bolachas sonoras e vídeo jogáveis a motor que sugam minhas verdinhas...
- Verdade, mas o que seria da vida se não alimentássemos nossos parasitas nostálgicos? Uma vida fadada a rotina de boletos mensais e a estrutura canibal que caça qualquer ser com pensamento livre?
Uma vida deverás limitada, onde nunca exercemos a principal atividade da existência: Viver... Refletir...
- Lindas frases de efeito, se não lembrasse a mim mesmo no passado. Poderia até levar a sério.
- Talvez esse seja o problema.
- Que seria?
- Se levar a sério demais.
- Olha...
- Pensa um pouco, alias: Menos. Você passa tanto tempo procrastinando no futuro que esquece de procrastinar no passado. No geral uma vida feliz requer menos que os antepassados dizem.
- Ok, nonsense demais para o meu gosto atual. Voltando, em março me encontrava triste e entediado num emprego que costumava amar, mas agora devido a chacais elitistas, onde não entendiam que a filosofia de um clube "social" é juntar pessoas com gostos em comum e não criar círculos canibais.
- Bem, sabemos que intenções são como gatos.
- Por mais bizarro que seja a comparação, creio que entendo seu ponto. Continuando...
- Estamos no meio já? Por que, sabe é deverás maçante os devaneios de um animal maduro.
- Mal começamos, e nem esta na parte quando tudo desaba sobre mim...
- Podemos pular para essa parte?
- Não... Em abril eles decidiram...
- Eles quem?
- Os chacais elitistas.
- Ok, continue...
- Eles decidiram fazer o evento de observar voadores, mesmo sabendo que os custos espancariam os lucros. E se cansassem não teríamos nem como nos manter no milênio. Tentei argumentar meios de amarrar ás pontas e conter sangrias. Como não deu certo, passei para o boicote em peças chaves da operação. Pouco depois disso fui avisado que iriam me desplugar das asas, para ser mais delicioso seria um processo lento e silencioso. Além de me sentir traído, mesmo que meu orgulho negasse o tempo todo, tive que jogar a pelota basca conforme o clima: quente, mas com pitadas de frio. Em maio sai do que foi minha vida nos últimos 2190 dias. Sem nenhum prospecção de futuro e rendas limitas por seis ciclos.
- Deve ter sido duro, mas isso acontece século sim e século não. Sabemos que a permanência é traidora, então...
- É, mas mesmo assim...
- Além do mais, você mesmo disse que estava cansado dos chacais. E pelo pouco que ouvi, ou me interessei. Ta com cara que eles não vão sair de lá tão cedo. Então a sua derrota era só uma questão de tempo, antes perder cedo que falhar precocemente.
- Se for ver por esse ponto, bem... No meu tempo sendo alimentado pelo governo, decidi que iria sugar até a última gota, mesmo que isso fosse desagradar algumas das almas que se "importassem" comigo. A única pessoa que importa me apoiou, mas resto... Agiu como o resto.
- Uma hora o imperador fica nu. No caso imperadores... ou, deixa assim!
- Exato, no inicio foi legal não ter nenhuma obrigação e de certa forma ter o luxo de descansar. Mas sem ninguém para conversar, além das paredes... Me entreguei aos prazeres mais baixos e mundanos, onde a complexidade encontra a molduras do abstrato.
- Não esta falando...
- Sim, estou...
- Mas você sabe que é um caminho sem volta, ainda mais com seus flerte passados deveria estar mais consciente.
- Foi mais forte que eu, de certa forma o ROCK PROGRESSIVO me salvou.
- Não o bom gosto, mas se lhe convém...
- Mas isso não seria o suficiente para minha próxima provação: Meu mangusto nortista ficou doente, passando a pouco se alimentar e definhando aos meus olhos. Todos letrados não sabiam o que poderia ser, e tentamos por semanas a fio reanima-lo. Mas por fim tivemos que deixa-lo e isso me matou por dentro.
- Além dele, na real seria literalmente... Hã, é...
- Durante esse período, estava com o habito de bebericar aguardente com sal, para ás noites passarem mais rápido, onde via a retro-tela acompanhado da minha ancora. Com o passar do tempo vi que isso era uma atividade que não poderia aturar e muito menos sustentar e cortei qualquer vicio.
- Tem noção que estamos num bar?
- Sim, completamente. Minhas reservas foram sugadas pelas despesas mestras, mas pouco podia fazer além de culpar o passado, rastejar no presente e não olhar para o futuro. Em alguns meses consegui um curso de tempestade em placa mães, a principio foi na renomada escola com o passado glorioso, que na real é apenas uma fagulha do que era. Infelizmente só descobri isso depois de estar nela. Resumindo: Em pouco tempo tinha perdido o animo e me encontrava de novo em meus vícios.
- Tenho impressão que não vamos ter um final feliz...
- Aos poucos vi que a minha vida estava tão afundada no meu ganha pão, todos os amigos que eu achava ter haviam me